O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse ontem em Genebra, na Suíça, que o próximo presidente dos EUA deve manter um "relacionamento adulto" com a América do Sul. Segundo ele, o próximo ocupante da Casa Branca terá de entender que não há mais lugar para intervenções externas nos países sul-americanos, nem para o embargo contra Cuba; e que a região manterá seu processo de integração.
Amorim assumiu que "o Brasil terá de lidar com seja qual for o próximo presidente" e lembrou que "as preferências pessoais podem existir, mas isso não altera a relação de estado".
O chanceler referiu-se às relações do atual presidente americano, George W. Bush, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como de "respeito" e de "pragmatismo" e, apesar da neutralidade oficial, não deixou de manifestar simpatia pela origem da família do candidato democrata, Barack Obama, cujo pai e os avós maternos são do Quênia, no leste da África: "ter um presidente americano com uma avó africana é uma imagem forte".
Para ele, o governo americano sabe que o processo de integração regional continuará na América do Sul. Amorim também deixou claro que quebrar a tradição americana de interferir na região será um desafio para o próximo presidente.
Ele ainda condenou o embargo contra Cuba e pediu maior diálogo com Havana por parte do próximo governo. "Embargos não são coisas positivas. Uma atitude mais flexível em relação à Cuba seria bom", recomendou. Para ele, isolamentos só podem ser aceitos em situações extremas. "Um caminho de maior diálogo poderia ocorrer", disse em relação a Havana.
"Quando Lula assumiu, alguns jornais americanos chegaram a falar que o Brasil entraria para o eixo do mal. Mas a realidade é que o diálogo foi positivo. O Brasil tem influência na região e os EUA reconheceram e acharam isso até positivo", explicou Amorim.
O chanceler admite que nem sempre a relação foi tranqüila. Um ponto negativo lembrado pelo ministro foi a decisão da criação da Quarta Frota da Marinha militar americana para a América do Sul.
"Politicamente, isso não foi um bom sinal. Isso significa que consideram a região como um local de instabilidade. Essa não foi a melhor idéia", alertou.
Amorim, porém, reconheceu que a Casa Branca telefonou na época para garantir que nenhum aspecto do direito internacional seria violado com a criação da frota na região.
Em NY, presidente fala em investimentos bilionários para o setor petrolífero do País
23 de setembro de 2008 | 4h 57
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva brincou com as perspectivas de investimentos bilionários para o setor petrolíferno brasileiro nos próximos anos, dizendo que o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, poderá se tornar um ''xeque brasileiro''. Durante um discurso no hotel Waldorf Astoria, na segunda-feira à noite, em um evento promovido pelo instituto de pesquisas Council of the Americas, no qual Lula foi agraciado com o prêmio Insígnia de Ouro, o presidente elencou ambiciosos projetos para o setor.
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''A Petrobras deverá investir mais de US$ 112 bilhões de dólares entre 2008 e 2012. Alguns especialistas calculam que o investimento mínimo para explorar as reservas ultrapassarão US$ 600 bilhões de dólares''. "'Se isso acontecer'', acrescentou o presidente, ''o José Sérgio será o xeque brasileiro'', afirmou, despertando risos da platéia, formada predominantemente por empresários americanos e brasileiros.
Durante uma rápida conversa com jornalistas, após uma outra solenidade, Lula voltou a apontar para possíveis relações entre o retorno da Quarta Frota Naval dos Estados Unidos a águas latinoamericanas do Oceano Atlântico, com a descoberta de petróleo na camada pré-sal pelo Brasil.
''Nós estranhamos que depois que nós encontramos petróleo, a quarta frota vá tomar conta exatamente do quadrante que tem petróleo, mas eu penso que não tem problema, nossa preocupação é tentar explorar esse petróleo e fazer com que o povo brasileiro possa melhorar de vida'', afirmou.
Garantias
Lula disse ainda ter obtido garantias de que a reativação da unidade da Marinha americana não tem qualquer relação com a descoberta brasileira tanto por parte do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, como pela secretária de Estado americana, Condoleezza Rice. A atividade petrolífera também foi o pivô de uma polêmica nesta temporada do líder brasileiro em Nova York.
Pela manhã, o presidente criticou uma reportagem publicada no jornal Folha de São Paulo que afirmava que o governo dele iria autorizar o uso do Fundo de Garantia na capitalização da Petrobras para explorar o petróleo da camada pré-sal.
Lula qualificou o texto do jornal como ''abominável'', uma vez que, supostamente, ele não teria se baseado em fatos concretos nem em depoimentos dele, Lula, ou de representantes de seu governo.
Mas, em entrevista à rádio CBN, o ministro do Trabalho, Carlos Luppi, havia confirmado essa intenção. Pouco depois, o ministro desmentiu suas declarações, após ter sido desautorizado pelo presidente.
BBC Brasil
Marinha tem como meta obter submarino nuclear
22 de setembro de 2008 | 8h 57
AE - Agencia Estado
Mais do que dobrar a atual frota de 27 navios-patrulha, a prioridade da Marinha para alcançar condições efetivas de segurança nas áreas de prospecção de petróleo na costa brasileira, como as recém-descobertas reservas na camada pré-sal, é a construção de pelo menos quatro novos submarinos até 2018. A meta principal é o aguardado submarino nuclear, que colocaria o controle da costa em outro patamar. No entanto, os oficiais não contam com ele antes de 2020.
O diferencial da estratégia submarina protagonizou na semana passada os primeiros movimentos da Operação Atlântico. Em ação no litoral do Rio, São Paulo e Espírito Santo há dez dias, 10.215 homens da Marinha, Exército e Aeronáutica medem, até dia 26, os desafios para manter o controle da imensidão formada pelo mar territorial e a zona exclusiva de exploração econômica, a Amazônia Azul. A área abriga a maior riqueza natural do País e se estende a mais de 390 quilômetros do continente. O pré-sal está nesse limites.
Embora a Marinha trate a reativação da Quarta Frota dos Estados Unidos - divisão responsável por operações no Atlântico Sul, criada em 1943, desmobilizada em 1950 e restabelecida em abril - como mera reorganização, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se disse incomodado. "Os homens já estão aí com a Quarta Frota quase em cima do pré-sal", afirmou, no batismo da plataforma P-53, no Rio Grande do Sul, na semana passada. Os EUA dizem reforçar o combate ao narcotráfico e treinamentos bilaterais.
A Operação Atlântico é uma resposta discreta à iniciativa americana, com a exibição de alguma capacidade de mobilização militar, ainda que limitada. Na filosofia militar da dissuasão em tempos de paz, o objetivo não é investir em uma máquina de guerra imbatível - o que seria muito difícil diante da capacidade de intervenção americana -, mas fazer potenciais inimigos ou grupos terroristas pensarem duas vezes antes de se aventurar em uma área estratégica para o Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Marinha mede potencial de reação
Operação Atlântico, na costa de três Estados, ajuda a apontar desafios na proteção da chamada Amazônia Azul
22 de setembro de 2008 | 0h 00
Alexandre Rodrigues, RIO - O Estadao de S.Paulo
Mais do que dobrar a atual frota de 27 navios-patrulha, a prioridade da Marinha para alcançar condições efetivas de segurança nas áreas de prospecção de petróleo na costa brasileira, como as recém-descobertas reservas na camada pré-sal, é a construção de pelo menos quatro novos submarinos até 2018. A meta principal é o aguardado submarino nuclear, que colocaria o controle da costa em outro patamar. No entanto, os oficiais não contam com ele antes de 2020.
O diferencial da estratégia submarina protagonizou na semana passada os primeiros movimentos da Operação Atlântico. Em ação no litoral do Rio, São Paulo e Espírito Santo há dez dias, 10.215 homens da Marinha, Exército e Aeronáutica medem, até dia 26, os desafios para manter o controle da imensidão formada pelo mar territorial e a zona exclusiva de exploração econômica, a Amazônia Azul. A área abriga a maior riqueza natural do País e se estende a mais de 390 quilômetros do continente. O pré-sal está nesse limites.
Embora a Marinha trate a reativação da Quarta Frota dos Estados Unidos - divisão responsável por operações no Atlântico Sul, criada em 1943, desmobilizada em 1950 e restabelecida em abril - como mera reorganização, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se disse incomodado. "Os homens já estão aí com a Quarta Frota quase em cima do pré-sal",afirmou, no batismo da plataforma P-53, no Rio Grande do Sul, na semana passada. Os EUA dizem reforçar o combate ao narcotráfico e treinamentos bilaterais.
A Operação Atlântico é uma resposta discreta à iniciativa americana, com a exibição de alguma capacidade de mobilização militar, ainda que limitada. Na filosofia militar da dissuasão em tempos de paz, o objetivo não é investir em uma máquina de guerra imbatível - o que seria muito difícil diante da capacidade de intervenção americana -, mas fazer potenciais inimigos ou grupos terroristas pensarem duas vezes antes de se aventurar em uma área estratégica para o Brasil.
BALANÇO
No atual momento de alianças regionais, o exercício combinado servirá mais para listar necessidades de treinamento e equipamento das Forças Armadas para a missão de manter a soberania da costa.
Dois submarinos da atual frota de cinco da Marinha Brasileira estão empregados na operação, que termina no dia 26. No exercício, eles fazem o papel de inimigos e tentam torpedear os navios do Brasil.
"É a força do mais fraco imposta ao mais forte", resumiu o contra-almirante Bento de Albuquerque Jr., comandante da Força de Submarinos da Marinha, que recebeu o Estado a bordo do submarino Timbira (S-32) durante o exercício. Os oficiais definem assim a ampliação da capacidade da máquina de 61 metros e 1.500 toneladas a 40 metros abaixo da superfície.
Por causa da dificuldade em ser detectado, a presença de um submarino é motivo suficiente para imobilizar toda uma esquadra. Por esse caráter de dissuasão é que a construção de novos submarinos é prioridade. Um novo leva quatro anos para sair do estaleiro. Com as necessidades de manutenção, a atual frota baseada no Rio não tem condições de cobrir toda a costa. Segundo o almirante Bento, o Timbira levaria mais de dez dias para chegar à foz do Amazonas.
A Marinha tem 2009 como limite para retomar a construção de submarinos convencionais para chegar ao nuclear, sob pena de perder o domínio da tecnologia de produção nacional desenvolvida no Arsenal de Marinha do Rio a partir do projeto alemão que deu origem aos quatro navios da classe Tupi, como o Timbira. O último que saiu de lá, o quinto da frota brasileira, foi o Tikuna, resultado do aprimoramento do Tupi, em 2006.
"Nossa expectativa é construir pelo menos quatro novos submarinos a partir de 2009, iniciando um a cada dois anos", diz o almirante. O Brasil deveria ter várias bases submarinas pelo litoral, mas a Marinha quer suprir essa carência com o submarino nuclear. Mais velozes e com autonomia ilimitada, poderiam cobrir toda a costa.
REATOR
Enquanto o Centro Tecnológico da Marinha no interior de São Paulo desenvolve o reator nuclear, os militares precisam de um projeto com dimensões adequadas para recebê-lo.
O Tikuna pesa 1.500 toneladas. Para um reator nuclear, a Marinha tem de construir unidades convencionais maiores para chegar até gigantes de 3 a 4 mil toneladas. Assim, quando o reator estiver pronto, haverá um projeto para envolvê-lo.
Iniciado há quase 30 anos, o programa nuclear da Marinha perdeu quase dez anos com a falta de verba, apesar de já ter consumido cerca de R$ 2 bilhões. Revigorado com recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia, custará ainda mais R$ 1 bilhão, mas agora precisa mesmo é de tempo.
A planta do reator nuclear ainda levará quatro ou cinco anos para ficar pronta, mas terá que passar por testes exaustivos até chegar ao mar dentro de um casco.
"Se as coisas correrem bem, teremos o submarino nuclear em 2020. Agora não é questão só de dinheiro, mas de tempo para alcançar um conhecimento que os países que têm não dividem. Não há dinheiro capaz de acelerar esse processo", explica o almirante Bento.
Lula diz que Quarta Frota dos EUA está quase em cima do pré-sal
18 de setembro de 2008 | 17h 28
REUTERS
Ao abordar a necessidade de
reforçar a Marinha para defender o petróleo do pré-sal, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva advertiu que a Quarta
Frota naval dos Estados Unidos está de olho nas grandes
reservas descobertas na costa brasileira.
"A Marinha joga um papel importante para proteger o nosso
pré-sal, porque os homens já estão aí com a Quarta Frota quase
em cima do pré-sal", disse Lula em discurso na cerimônia de
batismo da plataforma P-53, nesta quinta-feira em Rio Grande
(RS). A íntegra do discurso foi distribuída pela secretaria de
imprensa do Planalto.
Desativada há mais de 50 anos, a Quarta Frota dos EUA foi
restabelecida em junho deste ano com o propósito anunciado de
combater o tráfico de drogas, auxiliar em desastres naturais e
atuar em missões de paz na América Latina e no Caribe.
Mas seu retorno foi recebido com ceticismo no Brasil e na
América Latina, onde a presença militar norte-americana é vista
por muitos como ameaça à soberania da região.
"A nossa Marinha tem que ser a guardiã das nossas
plataformas em alto-mar para fiscalizar esse patrimônio, porque
daqui a pouco chega um espertinho aí e fala: Isso é meu, está
no fundo do mar mesmo, ninguém sabe, isso é meu", acrescentou
Lula.
A descoberta da camada pré-sal pela Petrobras, em novembro,
reforçou a necessidade de o Brasil melhorar a defesa de sua
costa. O ministério da Defesa negocia com a França a construção
de um submarino nuclear, e na semana passada as Forças Armadas
iniciaram a chamada Operação Atlântico para mostrar a
capacidade que o país tem de proteger a região onde estão os
megacampos do pré-sal.
"E agora que tem uma sonda que fura verticalmente, depois
vai na horizontal 5, 6 quilômetros, nego, lá do país dele, vai
tentar pegar o nosso petróleo aqui. Nós temos que tomar conta",
reforçou Lula.
(Texto de Mair Pena Neto)
Proximidade de frota americana preocupa, diz Lula
18 de setembro de 2008 | 13h 45
SANDRA HAHN E ELDER OGLIARI - Agencia Estado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje estar preocupado com a proximidade da Quarta Frota da Marinha dos Estados Unidos da fronteira marítima brasileira. Lula lembrou que já teve chance de abordar o assunto com o presidente norte-americano, George W. Bush, e que o chanceler Celso Amorim também tratou do tema com a Condoleezza Rice. "Obviamente que nós estamos preocupados", afirmou, em entrevista após participar da solenidade de batismo da plataforma P-53 da Petrobras, na área do Porto Novo de Rio Grande (RS).
"Eles (EUA) dizem que não é nada, é apenas uma coisa de pesquisa", prosseguiu Lula. "De qualquer forma, nós estamos preocupados porque é muito próximo da fronteira marítima brasileira e nós achamos que não precisamos de Quarta Frota", completou Lula, que também havia feito referência à presença da guarnição durante seu discurso no evento de batismo da P-53.
"O que precisamos é que a Marinha brasileira tome conta das nossas plataformas e do nosso pré-sal, porque nós somos um País tranqüilo, não falamos em guerra, falamos em paz, não queremos conflito, queremos desenvolvimento, e penso que é isso que conta na política externa brasileira", finalizou Lula. A Quarta Frota estava desativada desde a Segunda Guerra Mundial e foi colocada em operação no segundo trimestre deste ano, sendo recebida com críticas de movimentos ligados à esquerda na América Latina.
Jogos de guerra simulam defesa do petróleo em águas brasileiras
12 de setembro de 2008 | 19h 44
EDUARDO SIMÕES - REUTERS
Dezessete navios, cerca de 9 mil
militares, mais de 300 veículos de transporte e 40 aeronaves. É
com esse poderio que o "país verde" pretende atacar o vizinho
"país amarelo" e evitar o risco de perder o controle do
megapoço de petróleo recentemente descoberto pela estatal
PetroVer numa área em disputa pelos dois países.
Essa é a simulação montada pelas Forças Armadas na Operação
Atlântico, por meio da qual o Brasil procura mostrar ao mundo
que tem capacidade de proteger a região onde estão concentrados
os principais ativos de sua indústria de petróleo, entre eles
os megacampos do pré-sal, que têm potencial de transformar o
Brasil num dos principais produtores mundiais de petróleo.
"Esse é um exercício que contribui para a dissuasão", disse
a jornalistas o almirante Edlander Santos, chefe do
Estado-Maior do comando combinado da operação, que terá
participação de Marinha, Exército e Força Aérea.
Em um centro de treinamento da Marinha, na ilha de
Mocanguê, em Niterói, Edlander ressaltou que "realizar um
exercício dessa magnitude, apesar das restrições orçamentárias"
mostra a capacidade de defesa das Forças Armadas do Brasil.
O "pais verde" é formado por Rio de Janeiro, norte de São
Paulo e partes de Minas Gerais e Goiás. Já o território
"amarelo" incorpora Bahia e Espírito Santo.
Tudo começou no último dia 6 de setembro com o envio de
forças especiais "verdes" ao território "amarelo. Isso porque,
assim como nas guerras reais, nesse tipo de exercício, forças
especiais também são enviadas antes do início do ataque para
avaliar as condições do inimigo.
Essas forças aguardam o próximo dia 22 para destruir a
infra-estrutura logística e de controle do tráfego aéreo
"amarela" na praia de Itaóca, no Espírito Santo.
Depois disso, serão resgatados por 1.073 militares "verdes"
embarcados nesta sexta nos navios Mattoso Maia, Garcia D'Avila,
Rio de Janeiro e Ary Parreiras.
Depois da apresentação do plano das manobras por Edlander,
os jornalistas foram ao Garcia D'Avila, navio de desembarque de
carros de combate, na primeira visita da imprensa a uma das
mais novas aquisições da Marinha brasileira.
Com capacidade para até 330 tripulantes e transportar 17
veículos pesados ou 100 mais leves, o Garcia D'Avila vivia,
perto do meio-dia, os últimos preparativos para deixar o centro
de treinamento em direção à região das manobras, com um forte
cheiro de comida sendo preparada no ar.
ATAQUE TOTAL
A partir da junção das forças verdes, o conflito se desenrolará
com exercícios de ataque aéreo a alvos em terra, assaltos
aeroterrestres com militares do Exército, defesa de portos,
entre outras manobras.
De acordo com o almirante Edlander, poucos equipamentos da
Marinha que estarão na Operação Atlântico foram deslocados para
o exercício. "A Marinha, na sua maior parte, está concentrada
na área da operação", explicou.
Edlander estava acompanhados de oficiais da Marinha e de
executivos de empresas do setor petrolífero como Shell, Chevron
e Transpetro.
"Tropas especiais, principalmente da Força Aérea e do
Exército, foram deslocadas". acrescentou.
Segundo o almirante, a Operação Atlântico difere de outros
exercícios militares, como a Operação Unitas, realizada
frequentemente em cooperação com os Estados Unidos e que, no
ano que vem, completará 50 anos.
"Por ser um exercício que tem como objetivo a defesa de
pontos estratégicos do país, ela (a Operação Atlântico) não
conta com a participação de países aliados", afirmou.
A Unitas, aliás, foi evocada pelo almirante e por outros
oficiais da Marinha como exemplo de colaboração entre as forças
navais de Brasil e Estados Unidos e para afastar eventuais
preocupações com a Quarta Frota da Marinha dos EUA,
recentemente recriada.
"Não há preocupação (com a Quarta Frota), porque nós temos
um histórico de realização de exercícios com a Marinha
americana, como na Operação Unitas", disse o capitão de
mar-e-guerra, Carlos Dantas, chefe do Estado Maior da 1a
Divisão da Esquadra, enquanto fuzileiros navais devidamente
armados embarcavam no Ary Parreiras ao som do hino da Marinha.
Brasil deve aumentar gastos militares, diz Mangabeira
10 de setembro de 2008 | 17h 32
REUTERS
O ministro de Assuntos Estratégicos,
Roberto Mangabeira Unger, defendeu na quarta-feira o aumento
dos gastos militares para, entre outros motivos, reforçar a
defesa da Amazônia e das reservas oceânicas de petróleo
pré-sal.
O governo está prestes a concluir um plano que transfere as
prioridades de defesa das fronteiras do sul para o longo
litoral (onde estão as novas reservas de petróleo), o espaço
aéreo e a porosa fronteira amazônica (onde há risco de
infiltração de traficantes e guerrilheiros).
O novo plano estratégico de defesa vai orientar a compra de
equipamentos militares nos próximos anos.
"O Brasil atualmente gasta 1,5 por cento do seu produto
interno bruto em defesa. Essa quantidade tem de crescer", disse
Mangabeira Unger a jornalistas depois de um seminário ambiental
em Brasília.
O ministro disse que o plano estratégico, preparado por ele
e por seu colega da Defesa, Nelson Jobim, deve ser divulgado
nas próximas semanas.
O Brasil atualmente negocia uma aliança estratégica com a
França, o que incluiria a construção de um submarino nuclear no
Brasil, e uma aproximação militar com a Rússia.
O pais já decidiu adquirir 50 helicópteros Super Cougar sob
um acordo com a Eurocopter, subsidiária da EADS.
Em junho, a Força Aérea lançou uma licitação para a compra
de pelo menos 36 caças, em substituição à envelhecida frota
atual.
Mangabeira Unger disse que o governo busca uma parceria com
um aliado estrangeiro para desenvolver os aviões no Brasil, em
vez de comprá-los prontos.
(Reportagem de Raymond Colitt)
Dois bombardeiros russos pousam na Venezuela, dizem agências
10 de setembro de 2008 | 16h 02
REUTERS
Dois bombardeiros de longo alcance
Tu-160 da Rússia pousaram na Venezuela, informaram agências de
notícias na quarta-feira, citando uma fonte do Ministério da
Defesa russo.
Segundo a agência de notícias Interfax, o porta-voz da
Força Aérea russa Alexander Drobyshevsky disse que "enquanto os
Tu-160 voavam, eles eram acompanhados por jatos de combate da
Otan", antes de pousarem no campo aéreo militar Libertadores.
A agência de notícias RIA disse que os dois bombardeiros
continuarão na Venezuela por vários dias para um treinamento
sobre águas neutras antes de retornarem à base na Rússia.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, visitou Moscou em
julho e disse que as Forças Armadas russas seriam bem-vindas em
seu país.
"Se algum dia uma frota russa chegar ao caribe,
levantaremos bandeiras, rufaremos os tambores e tocaremos os
hinos nacionais da Venezuela e da Rússia, pois seria a chegada
de um amigo", disse Chávez em julho.
Na segunda-feira, a Rússia disse que enviará um navio de
guerra nuclear para um exercício em conjunto no caribe ainda
neste ano.
Autoridades venezuelanas disseram depois que quatro navios
de guerra russos visitarão o caribe em novembro.
A Rússia criticou os Estados Unidos, que mandaram um
sofisticado navio militar e duas outras embarcações para a
Geórgia, que faz fronteira com o sul russo, para levar ajuda e
demonstrar apoio ao presidente georgiano, Mikheil Saakashvili,
depois que Moscou mandou suas tropas àquele país.
As Forças Armadas dos Estados Unidos disseram na
segunda-feira que as missões navais de ajuda no porto de Poti,
na Geórgia terminaram e que todos os navios haviam deixado o
país da Europa oriental.
(Por Chris Baldwin)
ANÁLISE-Navios russos ajudam antiamericanismo de Chávez
09 de setembro de 2008 | 17h 36
FRANK JACK DANIEL - REUTERS
Os exercícios navais no Caribe
anunciados nesta semana pela Rússia devem ajudar o presidente
da Venezuela, Hugo Chávez, a conter uma suposta agressão dos
EUA e a enfraquecer a influência de Washington no seu
tradicional quintal.
Evocando lembranças da Guerra Fria, a Rússia deve enviar o
cruzador nuclear "Pedro, o Grande" e outros navios de última
tecnologia, além de mísseis, para exercícios conjuntos com a
Venezuela em novembro.
A Rússia vem tentando exibir seu poderio militar, num
momento de tensão diplomática com os EUA por causa da guerra na
Geórgia e da construção de um escudo antimísseis dos EUA no
Leste Europeu.
Para Chávez, a visita russa serve para avisar os EUA de que
sua hegemonia sobre os mares em torno da América do Sul pode
ser ameaçada. As manobras são também parte da política
venezuelana de conter um eventual ataque norte-americano.
Chávez, que tem nos EUA o maior cliente do seu petróleo,
celebrou com entusiasmo a ascensão russa como contrapeso à
dominação norte-americana. Foi um dos poucos governantes do
mundo a ter elogiado Moscou por intervir no país vizinho e
reconhecer a independência das repúblicas separatistas
georgianas da Ossétia do Sul e Abkházia.
Chávez, ex-pára-quedista do Exército, considera a Venezuela
um ator importante ao lado de potências ascendentes como Rússia
e China.
"A Venezuela é uma aliada estratégica da Rússia. Que venha
a frota russa, bem-vinda", disse Chávez durante seu programa
semanal de TV, no domingo.
Chávez se contrapõe aos EUA em praticamente todos os
assuntos -- do livre-comércio ao combate ao narcotráfico -- e
sempre sugere alternativas de integração latino-americana sem o
envolvimento de Washington, o que inclui também uma possível
força conjunta do subcontinente.
Chávez diz que Washington participou da tentativa de golpe
de 2003 e manobra para tentar derrubá-lo outra vez, algo que os
norte-americanos negam. Ele determinou que o Exército e uma
grande força reservistas estejam preparados para travar uma
guerra de guerrilha em caso de invasão.
Partiu dele o convite para que a Rússia envie navios,
reabasteça aviões bombardeiros se for necessário e instale
temporariamente uma base para aviões anti-submarino.
"Já faz vários anos que Chávez declara que a verdadeira
ameaça ao seu governo não vem da oposição interna, mas dos
Estados Unidos", disse Steve Ellner, autor de "Repensando a
Política Venezuela".
"Chávez indicou desde o começo que as alianças com outros
países deveriam ir além das relações comerciais e deveriam
incluir laços políticos e até militares."
A expedição naval deste ano será o primeiro exercício russo
no Caribe desde o fim da Guerra Fria, e mostra como nos últimos
anos os EUA perderam influência numa região do mundo antes
vista como seu quintal.
Como parte dessa nova configuração, e tentando evitar o
destino de uma geração anterior de líderes esquerdistas,
derrotados em golpes patrocinados pelos EUA, Chávez vem usando
o dinheiro do petróleo para renovar suas Forças Armadas e
conquistar simpatias políticas no mundo.
Ele já comprou caças de última geração e negocia a
aquisição de submarinos russos. A China já vendeu radares e
colabora com o lançamento de um satélite venezuelano de
comunicações neste ano.
Chávez considera a recriação da Quarta Frota dos EUA no
Atlântico, extinta havia décadas, como uma provocação.
Plano de Defesa sofrerá críticas, prevê Mangabeira Unger
07 de setembro de 2008 | 15h 38
REUTERS
Quando for anunciado, o Plano
Estratégico de Defesa Nacional será alvo de críticas. A
previsão foi feita no domingo pelo chefe do Núcleo de Assuntos
Estratégicos da Presidência da República, ministro Roberto
Mangabeira Unger, um dos responsáveis pela elaboração do
projeto.
O plano seria divulgado neste domingo, dia da Independência
do Brasil, mas ainda não ficou pronto. Segundo o ministro, o
documento, que redefinirá o papel e fixará as diretrizes para o
reaparelhamento das Forças Armadas, será lançado nos próximos
dias.
"Vão acusá-lo de ser desperdício de dinheiro e um
instrumento de corrida armamentista", declarou o ministro a
jornalistas depois do desfile realizado em comemoração à
Independência do Brasil.
Para Mangabeira Unger, entretanto, tais críticas são
indispensáveis para que seja gerado na sociedade um debate
sobre as "ambições" que o país deve ter e quais serão os
"sacrifícios" necessários para torná-las realidade.
O ministro voltou a afirmar que o serviço militar
obrigatório deve ser aprofundado. Já a indústria nacional de
equipamentos militares será incentivada, complementou.
O chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência
negou que o plano seja uma resposta à recriação da Quarta Frota
dos Estados Unidos ou motivado pela descoberta de petróleo na
camada pré-sal. "A estratégia nacional de defesa não é uma
resposta conjuntural a problemas conjunturais", afirmou. " Não
nos sentimos ameaçados por qualquer país. Nós não temos
inimigos no mundo", concluiu.
(Reportagem de Fernando Exman; Edição de Taís Fuoco)
Chávez dá boas-vindas a frotas militares da Rússia
Presidente venezuelano afirma também que Moscou é aliada estratégica de Caracas
01 de setembro de 2008 | 10h 22
REUTERS
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, deu no domingo, 31, as boas-vindas a eventuais navios e aviões russos que queiram parar em seu país, reforçando o apoio que dera na semana passada a Moscou por reconhecer a independência de duas regiões rebeldes da Geórgia. Chávez declarou também que a Rússia, país que ajudou a reequipar as Forças Armadas venezuelanas, é uma aliada estratégica, além de ser importante produtora e exportadora de petróleo. Veja também: 'Meça palavras' ou saia, diz Chávez ao embaixador dos EUA
"Se os russos vêm pelo Caribe ou pelo Atlântico com uma frota e nos pedirem para parar na Venezuela, uma visita, bem-vindos, bem-vindos, não temos nenhum problema..., e a sério, parece que vão vir", disse Chávez em seu programa dominical de rádio e TV, gravado em Barinas, seu Estado natal. "Se aviões de longo alcance russos, que dão a volta ao mundo, precisam aterrissar em alguma pista venezuelana para se equipar, bem-vindo, compadre, não temos problemas também", afirmou.
Nos últimos meses, Chávez critica os EUA por terem recriado a Quarta Frota, com atuação no Atlântico Sul. Brasil e Argentina também expressaram preocupação com a medida. Na sexta-feira, Chávez manifestou apoio ao Kremlin por ter reconhecido a independência da Ossétia do Sul e Abkházia, depois de uma breve guerra contra a Geórgia. Até agora, só Belarus, país muito ligado a Moscou, havia dado respaldo à decisão russa.
"O mundo deveria respeitar não só a Rússia, mas todos os países do mundo. O agressor é os Estados Unidos (aliado da Geórgia no conflito), não a Rússia", reiterou. Depois de comprar mísseis, tanques e submarinos a diesel da Rússia, Chávez agora espera adquirir aviões militares e de treinamento da China. Sem entrar em detalhes, Chávez disse que a Rússia deve enviar ainda um sistema integral de defesa antiaérea.
Jobim vai ao Senado na 5ªF para falar sobre 4ª Frota-EUA
23 de agosto de 2008 | 10h 29
AE - Agencia Estado
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, foi convidado pela Comissão de Relações Exteriores do Senado para debater a reativação da Quarta Frota da Marinha norte-americana, cuja área de atuação é o Atlântico Sul. A audiência pública será na próxima quinta-feira (28), às 10h. Jobim esteve no mês passado em viagem de interesse militar aos Estados Unidos e deve ter informações atualizadas sobre este assunto.
Recriação da 4ª frota-EUA não afeta defesa, diz Unger
23 de agosto de 2008 | 9h 25
SANDRA HAHN - Agencia Estado
O ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, afirmou nesta sexta-feira que não considera uma "intimidação" a recriação da Quarta Frota da Marinha norte-americana - que tinha sido desativada ao final da Segunda Guerra Mundial e voltou a operar em julho nos mares da América do Sul. O ministro disse que não discutiu o assunto com nenhum integrante do governo, mas sua opinião pessoal é de que a decisão dos EUA de reativar a frota não influencia de nenhum modo a estratégia nacional de defesa.
Mangabeira coordena o comitê ministerial encarregado de elaborar proposta para a estratégia de defesa, que será entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 7 de setembro. "A formulação da estratégia nacional de defesa não é uma reação conjuntural a problemas ou oportunidades conjunturais", resumiu, em entrevista, após reunião com oficiais-generais das Forças Armadas em Porto Alegre, como parte da discussão que realiza para a proposta.
Da mesma forma, também avaliou que não há vínculo entre a elaboração da estratégia e as descobertas de petróleo nas camadas de pré-sal, já que o comitê começou a trabalhar muito antes que elas fossem anunciadas. Mangabeira não citou um possível orçamento para colocar o plano em prática e reiterou as vertentes que o orientam: reorganizar as Forças Armadas e a indústria de defesa privada e pública e discutir o futuro do serviço militar obrigatório. Segundo ele, o plano é "abrangente e audacioso".
Sobre a indústria estatal, ele citou que deverá atuar no "teto tecnológico", produzindo o que as privadas não podem fazer no curto e médio prazo de forma rentável. "Queremos vincular pesquisa avançada à produção avançada", afirmou. "Não nos sentimos ameaçados por qualquer vizinho ou por qualquer país do mundo", acrescentou.
Brasileiro morto conheceria família da mulher nas Ilhas Canárias
Ronaldo Gomes da Silva e sua esposa estão entre as vítimas do desastre aéreo de Madri; casal ia para lua-de-mel
21 de agosto de 2008 | 15h 29
Gabriel Pinheiro, do estadao.com.br
Um amigo próximo do brasileiro morto no acidente aéreo em Madri na quarta, contou ao estadao.com.br que até o momento ninguém havia reconhecido o corpo de Ronaldo Gomes da Silva. "Ronaldo e Yanina [Celisdibowsky, mulher do brasileiro, que também morreu no desastre] se casaram aqui no Brasil, em 3 de julho, mas as famílias não se conheciam", explicou nesta quinta-feira, 21, o advogado brasileiro Yuri Ludwig, que foi padrinho do casamento. Ronaldo, motoboy de 28 anos, e Yanina, alemã, de 21, seguiam para lua-de-mel nas Ilhas Canárias, onde o brasileiro planejava conhecer a família da esposa. "O único elo entre as duas famílias sou eu", continuou Ludwig, explicando que os pais dela somente reconheceram o corpo da filha. Segundo o advogado, a pessoa mais próxima para reconhecer o corpo do brasileiro é seu irmão, que mora em Londres. "A família de Ronaldo, que mora no interior do Pará, é muito simples e não tem condições de custear a viagem", acrescentou. Veja também: Avião teve superaquecimento na 1ª decolagem, diz Spanair Aeronaves MD-80 têm histórico de acidentes Avião deu 'sacudida brutal', diz sobrevivente Lista de vítimas divulgada pela companhia Assista ao vídeo Especial: Como foi o acidente na Espanha Livio Oricchio, repórter do Estado em Madri: cenário era de uma guerra Especialista em aviação diz que o modelo do avião da Spanair já está obsoleto Maior acidente aéreo matou 583 na Espanha O brasileiro era um dos 172 passageiros que embarcou no vôo da Spanair para Las Palmas, nas Ilhas Canárias, que sofreu um acidente no aeroporto de Barajas. O desastre deixou mais de 153 mortos. O advogado, que mora em São Paulo, contou que conheceu Ronaldo há quatro anos, quando ambos entregavam pizzas em Londres. Ludwig afirmou que o maior sonho do amigo era conhecer uma menina na Europa. O motoboy havia voltado ao País em junho, para se casar. De acordo com Ludwig, Ronaldo planejava ficar apenas quinze dias no Brasil, mas acabou ficando dois meses. Na última terça-feira, o casal partiu para a lua-de-mel. "A família de Yanina esperava eles no aeroporto das Ilhas Canárias, onde moram os pais dela", declarou Ludwig. Foram os pais da alemã que comunicaram a família do advogado da morte de Ronaldo, que em seguida entrou em contato com os familiares do motoboy. "Ninguém queria acreditar", continuou. Ludwig se dispôs a ir a Madri reconhecer o corpo do amigo, se o irmão de Ronaldo não puder viajar. Emocionado, ele criticou os problemas da aviação civil na Europa. "As companhias estão sucateando a frota. Para nós, é uma morte, mas para eles, é só mais uma estatística."
Comandante reconhece fragilidade na defesa de soberania marítima
12 de agosto de 2008 | 15h 54
REUTERS
A descoberta de petróleo na camada
pré-sal expôs a fragilidade brasileira na defesa do mar
territorial e o governo reconheceu nesta terça-feira que as
Forças Armadas não têm como garantir totalmente a soberania das
águas brasileiras.
Sempre mais voltado para uma agressão à Amazônia, o Brasil
se preparou para defender sua floresta, mas não desenvolveu
poder dissuasivo contra ataque às suas riquezas no mar.
Descoberto pela Petrobras e seus parceiros no ano passado,
o reservatório da camada pré-sal estende-se por 800
quilômetros, do Espírito Santo a Santa Catarina, e pode conter
bilhões de barris de óleo equivalente (petróleo e gás natural).
"Sem sombra de dúvidas, precisamos aumentar a capacidade da
Marinha de estar presente em toda essa região", disse a
jornalistas o almirante Julio Soares de Moura Neto, comandante
da Marinha, referindo-se à chamada Amazônia Azul, o espaço
marítimo brasileiro, que tem 4,5 milhões de quilômetros
quadrados. "Eu diria hoje que nós não temos capacidade de
atender a todas as nossas tarefas", acrescentou.
O comandante ressaltou que o governo está ciente da
importância de levar adiante o programa de reaparelhamento das
Forças Armadas. Um dos objetivos da Marinha é construir um
submarino nuclear para garantir ao Brasil poder dissuasivo.
Apesar do alerta, Moura Neto negou que a reativação da
Quarta Frota anunciada pelos Estados Unidos represente um risco
ao país. Para o almirante, a medida não gerará, "em hipótese
alguma", atritos nas relações bilaterais com os EUA.
"O Comando Sul dos EUA, que tem como responsabilidade a
área da América do Sul e Central, sempre foi apoiado por uma
frota americana. Antigamente, era a Segunda Frota. Agora, é a
Quarta. Não há nenhuma mudança estrutural, apenas mudanças
administrativas dentro da Marinha americana", afirmou.
Moura Neto disse ainda não acreditar que os americanos
foram motivados pelas descobertas de petróleo anunciadas
recentemente pelo Brasil. O próprio presidente Luiz Inácio Lula
da Silva chegou a levantar essa suspeita. "Não há relevância no
contexto", assegurou.
As declarações do comandante da Marinha foram feitas depois
de cerimônia de promoção de oficiais, no Palácio do Planalto.
Na ocasião, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que a
Amazônia está protegida.
"Não há motivos para temer nenhuma ameaça à Amazônia.
Nossos soldados estão prontos para defendê-la", discursou.
"Apesar de algumas deficiências logísticas, todos os objetivos
estão sendo conquistados."
Jobim voltou a comentar o Plano Estratégico de Defesa
Nacional, que entregará ao presidente Lula no mês que vem.
Segundo o ministro, o programa garantirá o aparelhamento das
Forças Armadas e fortalecerá a indústria bélica nacional. "Não
podemos continuar na dependência quase completa do material
importado", frisou.
Os comandantes militares consideraram encerrada a polêmica
em torno da revisão da Lei de Anistia, com a exclusão dos
torturadores. A hipótese foi levantada pelo ministro da Justiça
Tarso Genro com o argumento de que tortura não é crime
político.
"O assunto está encerrado. O presidente falou, o ministro
comentou, então está encerrado", disse o comandante do
Exército, general Enzo Peri, referindo-se à determinação de
Lula de que o assunto fique restrito ao Judiciário.
(Reportagem de Fernando Exman)
Exercício naval foca novas áreas de petróleo
Operação Atlântico será de 15 a 26 de setembro, um mês após início oficial da exploração de megarreservas
11 de agosto de 2008 | 0h 00
Tânia Monteiro - O Estadao de S.Paulo
A Marinha do Brasil marcou para meados de setembro um grande exercício naval no litoral dos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, com a participação de pelo menos 9 mil homens e mobilização de 20 navios, 40 aeronaves e 250 outras viaturas militares. A Operação Combinada Atlântico, orçada em cerca de R$ 15 milhões, se dará um mês depois de iniciada a exploração de petróleo abaixo da camada de sal, no Campo de Jubarte, norte da Bacia de Campos, e dois meses depois de os EUA reativarem sua Quarta Frota, comando naval que tem a missão de vigiar as águas do Atlântico e do Caribe.
O início oficial da exploração das megarreservas do pré-sal deve começar nesta semana, provavelmente amanhã. Em setembro, quando a Marinha já estiver se deslocando para os exercícios da Operação Atlântico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai visitar a plataforma P-34, usada para explorar o óleo leve abaixo da camada de sal em Jubarte.
A Operação Atlântico, prevista para ocorrer entre 15 e 26 de setembro, vai mobilizar comandos das três Forças - além da Marinha, participarão a Aeronáutica e o Exército. No início de junho, representantes do Ministério da Defesa e da Petrobrás reuniram-se no Rio para uma rodada de planejamento dos exercícios e mostrar que, além das tarefas militares, a operação vai desenvolver um longo programa de trabalhos cívico-sociais - atendimentos médico-odontológicos, aulas de primeiros socorros, manutenção de escolas e postos de saúde e realização de olimpíadas escolares, principalmente em três municípios - Itapemirim (ES) e redondezas, Macaé (RJ) e São Sebastião (SP).
Mas o foco da operação é o treinamento militar para proteção das reservas petrolíferas, afastando do litoral brasileiro, como dizem os oficiais da Marinha, "presenças indesejáveis". Além disso, a Força quer reiterar a importância da defesa das riquezas brasileiras e mostrar que os navios-patrulha e helicópteros estão "aquém do necessário". O comandante da Marinha, almirante Júlio Soares de Moura Neto, quer dobrar de 18 para 36 o número de navios-patrulha para proteger a chamada "amazônia azul".
As Forças Armadas também querem treinar a defesa de toda a infra-estrutura terrestre associada à indústria petrolífera, na região compreendida entre os Estado do Espírito Santo e de São Paulo: gasodutos, oleodutos, refinarias, portos e terminais. As recentes descobertas de petróleo na áreas do pré-sal indicam que podem somar reservas da ordem de 50 bilhões de barris de petróleo e exigir investimentos, calculados pelo banco UBS, em torno de US$ 600 bilhões.
Quarta Frota exige Marinha brasileira forte, diz ministro
Reativação da frota americana reforça necessidade de reaparelhar Forças Armadas, afirma Mangabeira Unger
06 de agosto de 2008 | 15h 40
Reuters
A reativação da Quarta Frota norte-americana reforça a necessidade de o Brasil reaparelhar as Forças Armadas, em especial a Marinha, para patrulhar a costa e garantir a soberania sobre a região do pré-sal, afirmou nesta quarta-feira, 6, o Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger. "Esse fato (a Quarta Frota) e muitos outros só reforçam a importância de o Brasil contar com o seu escudo de defesa", disse Unger a jornalistas em evento no Rio.
Veja também:Lula quer explicações dos EUA sobre Quarta Frota "Uma das razões para a formulação de uma estratégia nacional de defesa é contar com um escudo contra as agressões, mas também contra as intimidações. Se o Brasil quiser desbravar um caminho próprio no mundo precisa não estar sujeito a qualquer intimidação", acrescentou.
O ministro lembrou que a reorganização das Forças Armadas para patrulhar a costa nacional está em discussão no governo, sob a condução do Ministério da Defesa, que tem um projeto para estender a fronteira marítima brasileira (plataforma continental) além das atuais 200 milhas.
Unger defendeu o fortalecimento da Marinha brasileira para que o país não fique assustado com mudanças no cenário internacional. "Não estou dizendo isso (que a Quarta Frota é uma intimidação), mas precisamos organizar a nossa própria força para não ficarmos assustados a cada fato novo no mundo", declarou Unger. "Vivemos num mundo em que a intimidação ameaça tripudiar. Nesse mundo, os meigos precisam andar armados", acrescentou
O ministro chegou a cogitar a possibilidade de o Brasil solicitar autorização para patrulhar o sul do Atlântico. "Isso será feito se for necessário, mas o objetivo imediato é a negação do mar a forças inimigas", afirmou Unger ao lembrar que o governo pretende incrementar a frota brasileira e estimular a construção de um submarino movido a propulsão nuclear. A Quarta Frota da marinha norte-americana, criada em 1943 diante da ameaça nazista, havia sido desativada em 1950. A partir de julho, a unidade voltou a realizar operações nos mares da América Latina.
Cuba sinaliza reaproximação com a ex-aliada Rússia
31 de julho de 2008 | 22h 04
REUTERS
O presidente cubano, Raúl Castro,
recebeu na quinta-feira o vice-premiê russo Igor Sechin, que
visita a ilha para "reativar" os laços entre os ex-aliados da
Guerra Fria.
A comitiva do dirigente russo, que também inclui alguns
empresários, passará três dias em Cuba.
"As duas partes sublinharam o mútuo interesse de continuar
aperfeiçoando e ampliando o processo de reativação dos vínculos
econômicos, comerciais e financeiros", disse a agência estatal
cubana de notícias, a Prensa Latina.
Na semana passada, a imprensa russa difundiu rumores de que
a Rússia poderia abastecer bombardeiros estratégicos em solo
cubano, algo que Moscou negou.
"A amizade é o nosso maior capital, não o dinheiro", disse
o vice-presidente cubano, Carlos Lage, após reunião com Sechin
na quarta-feira.
Mas, segundo a imprensa oficial, o vice-premiê russo viajou
em busca de oportunidade de negócios e projetos de cooperação.
Cuba recebia uma expressiva ajuda do Kremlin até o colapso
da União Soviética, em 1991, o que mergulhou o país numa
profunda crise, ainda não totalmente superada.
A reaproximação começou em 2006, quando a Rússia ofereceu a
Cuba um crédito de 355 milhões de dólares para a compra de
automóveis e caminhões, além de financiar projetos de energia e
infra-estrutura.
Na época, a Rússia também perdoou uma dívida de 26 bilhões
de dólares que remontava à época soviética, aceitando a
reestruturação de 162 milhões, como definido em 1991.
Havana por sua vez se comprometeu a comprar 100 milhões de
dólares por ano em aviões -- desde então já chegaram seis novos
jatos para a frota comercial cubana.
(Reportagem de Esteban Israel)
Compra de armas da Venezuela causa 'inveja' ao Brasil, diz jornal
Para 'Figaro', proteção de recursos naturais 'inquieta' países da América Latina.
24 de julho de 2008 | 6h 33
A aliança entre a Venezuela e a Rússia, pela qual o país latino-americano tem aumentado seu arsenal bélico, suscita a "inveja" do Brasil, afirma uma reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal francês Le Figaro.
A reportagem aborda a visita do presidente venezuelano, Hugo Chávez, ao colega Dmitri Medvedev, nesta semana.
A Venezuela, que já comprou o equivalente a US$ 4 bilhões em armamentos russos, "quer adquirir helicópteros MI 28, aviões de vigilância, tanques, sistemas de defesa aéreos e submarinos atômicos", diz o jornal.
"Hugo Chávez chegou a propor à Rússia instalar uma base (militar) em seu território."
O jornal diz que, durante a visita, "o presidente Medvedev demonstrou seu apoio a Chávez sem ambigüidade".
"A Venezuela é o terceiro maior comprador da indústria de armamentos da Rússia, depois da China e da Índia, e o primeiro na América Latina."
"Para a Rússia, o reforço desta aliança é também um 'chega pra lá' em Washington. Uma resposta aos exercícios conjuntos das tropas americanas com o Exército da Geórgia, na semana passada, e às manobras diplomáticas da Casa Branca para instalar um escudo antimísseis na Tchecoslováquia (sic) e na Polônia."
Se a aliança entre Venezuela e Rússia inquieta os Estados Unidos, a modernização do arsenal venezuelano também "incomoda" o Brasil, diz o Figaro.
"Mais que inquietação, a Venezuela suscita inveja nos vizinhos, e especialmente no Brasil. A reativação, pelo Pentágono, da Quarta Frota, um corpo da Marinha americana encarregada de patrulhar as águas da América do Sul e do Caribe, provoca irritação crescente no seio da potência regional", argumenta o jornal.
Na visão do diário francês, é justamente a "preocupação em proteger os recursos naturais" que está na raiz do aumento da compra de armamentos na América Latina.
"Os brasileiros sublinham que esta decisão foi tomada pouco depois do anúncio da descoberta de reservas de petróleo com potencial de conter 90 bilhões de barris, que chacoalhou a geopolítica da região."
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Recriação da 4a Frota não amplia presença na A.Latina, dizem EUA
11 de julho de 2008 | 21h 08
REUTERS
A polêmica recriação da Quarta Frota
naval dos Estados Unidos não implica uma elevação no número de
embarcações ou mísseis norte-americanos na América Latina,
disse na sexta-feira um porta-voz militar, contradizendo vários
líderes regionais.
Os EUA reativaram a Quarta Frota após um hiato de 58 anos,
mas isso significa apenas uma reestruturação operacional, não
física, dos recursos destinados à região, explicou à Reuters o
tenente Myers Vasquez, porta-voz da Marinha no Comando Sul.
Vários governos sul-americanos, como o argentino, o
brasileiro e o venezuelano, manifestaram recentemente
preocupação com a recriação da frota e suas possíveis
atividades.
"Houve um mal-entendido. A Quarta Frota não é um barco, é
um comando operacional que nos permite agora ter um lugar na
mesa diretamente com o comando da Marinha e discutir com as
outras frotas como distribuir recursos", disse Vasquez por
telefone à Reuters, de Miami, na Flórida.
Também na Flórida fica a sede do Comando Sul, encarregado
das relações militares dos EUA com a América Latina.
(Reportagem de Adriana Garcia)
Parceiros militares, Medvedev visita Chávez na Venezuela
Presidente russo inicia visita ao principal cliente armamentista nesta 4ª; Marinhas fazem exercícios militares
26 de novembro de 2008 | 9h 18
Agências internacionais
O presidente russo, Dmitri Medvedev, inicia nesta quarta-feira, 26, uma visita oficial de dois dias à Venezuela, onde se reunirá com o presidente Hugo Chávez, no mesmo instante em que os navios militares russos realizam manobras em território venezuelano. Acompanhado por Chávez, o mandatário deve visitar o porto de La Guaira para ver a frota russa - composta por quatro navios, entre eles o cruzador de propulsão nuclear "Pedro, o Grande" - que realizará exercícios militares no país. Medvedev, que está no Brasil e será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva esta manhã no Palácio do Itamaraty, passará dois dias em Caracas e depois irá a Cuba, onde encerrará sua viagem pela América Latina. Para os meios venezuelanos, esta visita tem o intuito de estreitar ainda mais as relações nas áreas de cooperação militar, energética e financeira. Estão previstas assinaturas de acordos petroleiros sobre energia nuclear civil, convênios militares, industriais e financeiros. A chegada do destróier russo é o primeiro evento desse tipo no Caribe desde a Guerra Fria e foi planejada para coincidir com a visita do presidente russo. Chávez quer que os russos construam um reator nuclear na Venezuela, invistam na exploração de petróleo e gás natural e apóiem seu movimento esquerdista, em uma tentativa do líder venezuelano de reduzir a influência dos Estados Unidos na região. Desde 2005, a Venezuela já comprou da Rússia mais de US$ 6.700 milhões em fuzis, tanques, radares e aviões, convertendo-se em um dos clientes mais importantes da indústria armamentista russa. O Ministério da Defesa venezuelano não precisou o lugar exato onde serão promovidas as manobras militares. Segundo o El País, o vice-almirante Luis Alberto Morales Márquez adiantou apenas que não haverá "nenhum tipo de exercício de artilharia, que seria o provável foco de preocupação para o trânsito marítimo". As Forças Armadas venezuelanas usarão oito aeronaves, 11 navios de guerra e 600 militares. Os russos usarão, além dos navios da frota, cinco aeronaves e 1.150 soldados. A administração do presidente dos EUA, George W. Bush, ironizou nesta terça-feira a chegada dos navios russos para as manobras. "Desta eles são puxados por rebocadores?" disse brincando o porta-voz do Departamento de Estado americano, Sean McCormack. Segundo ele, a atual marinha russa é apenas uma sombra do que foi na era soviética. Ele ressaltou que os EUA mantém a hegemonia sobre a América Latina. "Eu não acho que exista qualquer questão sobre isso, para quem a região olha em termos de poder político, econômico, diplomático e militar", disse McCormack. "Se os venezuelanos e os russos quiserem fazer uma manobra militar, isso é legal. Mas é claro que acompanharemos com muita atenção".
Brasil irá conter ambição armamentista russa na América Latina
Liderança brasileira limitaria as pretensões de Medvedev, apontam analistas; presidente russo está na região
26 de novembro de 2008 | 5h 42
As ambições russas de negociar armamentos com países latino-americanos poderão ser limitadas pelo Brasil, graças ao papel de liderança exercido pelo país junto às nações da região. Veja também: Parceiros militares, Medvedev visita Chávez na Venezuela
É essa a opinião de Mauricio Cárdenas, diretor da Iniciativa para a América Latina do Instituto Brookings de Washington, que falou à BBC Brasil sobre os efeitos da visita do presidente russo, Dmitri Medvedev, à América Latina. Medvedev começou o seu giro pela região no Peru, está atualmente no Brasil, onde irá se encontrar nesta quarta-feira com o presidente Lula e de onde seguirá no final do dia para a Venezuela e, de lá, para Cuba. Na agenda dos encontros do presidente russo com os diferentes líderes da região, está a ampliação da venda de equipamentos militares.
Enquanto Medvedev passava pelo Brasil, uma frota de navios russos chegou à Venezuela para realizar exercícios militares conjuntos com a marinha venezuelana - a primeira vez que a Rússia promove tais operações na região desde a Guerra Fria.
Mas, apesar da carga simbólica da agenda do líder russo e dos exercícios militares conjuntos com as forças venezuelanas, Cárdenas acredita que os russos não conseguirão ir muito longe e que o governo americano não precisa temer a investida de Medvedev.
''Washington tem dado apoio à Unasul (a União das Nações Sul-americanas, que reúne os 12 países da América do Sul e visa aprofundar a integração entre os países-membros), um grupo que é liderado até certo ponto pelo Brasil. E o Brasil tem reivindicado um papel mais ativo de coordenação das políticas de defesa na região'', afirma Cárdenas.
O analista acrescenta que a postura de Washington é a de que ''se o Brasil vai exercer esse papel, por que se preocupar com os russos? Não há tanto espaço assim para eles na região. Eles (o governo americano) confiam demais no Brasil. No final das contas, será o Brasil que vai tornar inócuo esse esforço por parte dos russos''.
''A força capaz de contrapor as intenções dos russos de se envolverem mais na região e de ter algum envolvimento em questões de defesa não virá de Washington, mas sim de Brasília. O governo brasileiro avalia: 'nós somos capazes de garantir a nossa própria segurança militar e o nosso futuro econômico'.''
Menos força
Cárdenas lembra que a Rússia de Medvedev chega à América Latina enfraquecida, pois foi um dos países mais afetados pelos efeitos da turbulência financeira, e ainda sofreu com o declínio dos preços de gás e petróleo, dois de seus principais artigos de exportação.
Além disso, argumenta o analista, as relações entre latino-americanos e russos vão demorar anos para serem aprofundadas, uma vez que ''a Rússia não conta com os recursos financeiros nem com um histórico de fortes relações políticas ou diplomáticas com a América Latina, e essas coisas não se conquistam da noite para o dia''.
De acordo com Charles King, professor de relações internacionais da Universidade de Georgetown, a visita de Medvedev marca uma ''virada'' nas relações russas com a região, por ser uma tentativa da Rússia de voltar a se firmar no cenário global, ''tanto diplomaticamente, quanto como um negociador de armas''.
Mas o analista acrescenta que não vê a visita como uma ''tentativa russa de mostrar força em uma tradicional esfera de influência americana''.
Mesmo o comércio de material militar com países latino-americanos não é visto como uma ameaça por parte do governo americano, no entender do analista.
Mau negócio
''Em Washington, existe a percepção de que países que estão fazendo compras de armas russas em larga escala não estão fazendo um bom negócio. Eles (os países latino-americanos) precisam se perguntar se contarão com manutenção, treinamento e se os equipamentos serão operacionais'', afirma.
Na opinão do analista, a investida não representa os primeiros sinais de uma mudança no eixo de poder mundial, já que o poderio americano segue forte. ''O poder americano em temas econômicos, globais, sua força militar e até mesmo o seu poder 'soft', como o da cultura, permanecem soberanos e ofuscam em muito a Rússia ou mesmo a China.''
Fim da unipolaridade
Mas, ainda assim, King acredita que as visitas de líderes como Hu Jintao, da China, e Medvedev à América Latina são sinais de que ''estamos testemunhando o começo do fim da era da unipolaridade e de que a tentativa desses dois líderes de alcançarem o resto do mundo agora está sendo sentida na América Latina''.
King lembra que tais esforços podem estar surtindo algum efeito também em ações políticas na região. ''Apenas dois países reconheceram a independência de países como a Ossétia do Sul e a Abecásia (as regiões separatistas da Geórgia). Um deles foi a Rússia e o outro, a Nicarágua.''
O analista acredita que ''certamente, Washington está prestando atenção'' aos exercícios militares conjuntos entre russos e venezuelanos, mas acrescenta que o pior que o governo americano poderia fazer era ter uma ''reação desproporcional''.
''O clima das relações (russo-americanas) já está abalado, após a Guerra da Geórgia e há um clima de transição, com uma nova administração que pretende firmar uma nova relação com Moscou. A melhor reação é a que foi tomada, a de permanecer mudo. Não está sendo tomada uma ação ambiciosa. Ninguém está simulando uma invasão da Flórida com helicópteros e anfíbios.'' BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Navios russos chegam à Venezuela para manobras militares
Chegada da frota coincide com visita de presidente russo ao continente; Medvedev está no Brasil desde 2ª feira
25 de novembro de 2008 | 12h 46
Agências internacionais
Navios de guerra russos chegaram nesta terça-feira, 25, à costa da Venezuela para manobras navais. A operação busca também mostrar o aprofundamento das relações entre o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e o russo Dmitry Medvedev, que visita nesta semana o país sul-americano. A frota russa, composta pelo cruzeiro de batalha nuclear "Pedro, o Grande", considerado um dos maiores navios de combate do mundo, o navio 'Almirante Chebanenko', entre outros navios de escolta, chegou a um píer militar do porto de La Guaira, cerca de 30 quilômetros ao norte de Caracas. Os navios entraram no porto e dispararam 21 salvas como saudação da frota russa a seus anfitriões venezuelanos, que responderam com o mesmo número de disparos de boas-vindas. "Com a chegada da fragata Chabanenko, a Venezuela se veste de gala", disse o contra-almirante da Marinha venezuelana, Salvatore Cammarata, na cerimônia de recepção da frota que realizará exercícios conjuntos com as forças navais venezuelanas a partir de quarta-feira. A manobra militar no Caribe, anunciada em setembro, foi interpretada por analistas como uma resposta de Moscou à presença militar dos Estados Unidos e de seus aliados da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, a aliança de defesa ocidental) no mar Negro, no extremo sul da Rússia, como conseqüência do conflito com a Geórgia. O presidente da Venezuela Hugo Chávez, porém, nega que a manobra pretenda confrontar o governo dos EUA e reeditar a polarização do período da Guerra Fria. "Este é um velho plano. Trataram de especular que é a nova Guerra Fria, toda uma manipulação (...) isso não é nenhuma provocação, é um intercâmbio entre dois países livres e soberanos", disse Chávez na noite de segunda-feira ao anunciar a chegada dos navios. O presidente venezuelano disse que antigamente este tipo de exercício era realizado com os EUA. No entanto, "eles decidiram nos agredir política, econômica e militarmente, até que saímos desse sistema de defesa e estamos criando um próprio", acrescentou. O presidente venezuelano não confirmou se ele e o chefe de Estado russo, Dmitri Medvedev, visitarão a frota: "Não sei se teremos tempo de ir", disse. Também não precisou onde acontecerão as manobras e se limitou a indicar que a Venezuela tem um mar "muito grande", que suas águas "limitam com Porto Rico", e que entre Isla Margarita, no leste, e o arquipélago de Los Roques, a cerca de 150 quilômetros do litoral central, "há mais de 100 ilhas". O comandante das Forças Armadas venezuelanas, Jesús González, disse que as manobras conjuntas começarão na quarta-feira, "em porto", e em 1º de dezembro, "em alto-mar". Em recente entrevista à Agência Efe, González disse que as manobras poderiam durar no máximo uma semana.
Navios russos chegam à Venezuela para exercícios no Caribe
Chegada da frota coincide com visita de presidente russo ao continente; Medvedev está no Brasil desde 2ª feira
25 de novembro de 2008 | 5h 42
Uma frota de navios russos chega à Venezuela na manhã desta terça-feira, 25, para realizar exercícios militares conjuntos com a marinha venezuelana. Será a primeira vez, desde o final da Guerra Fria, que a Rússia realiza operações deste tipo na região, considerada uma a área de influência dos Estados Unidos. A frota será composta pelo cruzeiro de batalha nuclear "Pedro, o Grande", considerado um dos maiores navios de combate do mundo, o navio 'Almirante Chebanenko', entre outros navios de escolta. A manobra militar no Caribe, anunciada em setembro, foi interpretada por analistas como uma resposta de Moscou à presença militar dos Estados Unidos e de seus aliados da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, a aliança de defesa ocidental) no mar Negro, no extremo sul da Rússia, como conseqüência do conflito com a Geórgia. O presidente da Venezuela Hugo Chávez, porém, nega que a manobra pretenda confrontar o governo dos EUA e reeditar a polarização do período da Guerra Fria.
"Este é um velho plano. Trataram de especular que é a nova Guerra Fria, toda uma manipulação (...) isso não é nenhuma provocação, é um intercâmbio entre dois países livres e soberanos", disse na noite de segunda-feira ao anunciar a chegada dos navios. O presidente venezuelano disse que antigamente este tipo de exercício era realizado com os EUA. No entanto, "eles decidiram nos agredir política, economica e militarmente, até que saímos desse sistema de defesa e estamos criando um próprio", acrescentou.
Depois de pouco mais de dois meses de viagem, os barcos atracarão no porto de La Guaira, distante 30 km de Caracas. Outra parte da frota poderá ir ao porto de Puerto Cabello, Estado de Carabobo. A chegada da frota coincide com a visita do presidente da Rússia, Dmitri Medvedev que visitará Caracas na próxima quarta-feira, em sua primeira visita de Estado ao país caribenho.
"Dissuasão"
O general do Comando Estratégico de Operações, Jesús González, disse à BBC Brasil que as marinhas dos dois países realizarão tarefas de patrulhamento, navegação, de defesa antiterrorista e intercâmbio tecnológico. González explicou que o objetivo da manobra é incrementar a capacidade de defesa e de dissuasão das Forças Armadas.
"Necessitamos assegurar nossa integridade territorial e para isso temos que ser o suficientemente dissuasivos para que nenhum país do mundo pense em vir à Venezuela para fazer o que quiser", afirmou. "Somos o país com as maiores reservas petrolíferas deste lado do mundo e podemos supor a possibilidade de alguma ameaça. Todos aqueles que tenham grandes demandas de energia poderiam estar interessados em nosso petróleo", acrescentou González, que não quis fazer referência direta a nenhum país. Em setembro, dois bombardeiros russos Tu-160 de longo alcance realizaram "vôos de treinamento" no Caribe, sob os auspícios do governo venezuelano.
Comércio
O general González afirmou que os países vizinhos não têm com o que se preocupar. O ex-ministro da Defesa, Raul Isaías Baduel, também afirmou à BBC Brasil que a realização de manobras com os russos não deve preocupar os países da região. Na sua opinião, o interesse da Rússia é fundamentalmente comercial. "Para os russos, a Venezuela se tornou uma considerável oportunidade de negócios", afirmou Baduel, que rompeu com o governo Chávez no ano passado.
Desde 2004, a Venezuela tem investido US$ 4 bilhões na compra de armamentos russos. A aliança, considerada estratégica pelo governo de Caracas, permitiu a compra de 24 aviões de combate Sukhoi-30, 53 helicópteros de transporte e ataque e 100 mil fuzis de assalto 7,62 AK 103. Venezuela e Rússia estabeleceram um acordo para a construção de duas fábricas de armamento e munição no país. Está previsto que durante a visita do presidente russo, Dmitri Medvedev, ambos governos assinem um acordo de cooperação para o desenvolvimento de energia nuclear na Venezuela com fins pacíficos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Esquadra russa fará manobras conjuntas com Venezuela
24 de novembro de 2008 | 12h 58
AE - Agencia Estado
Uma esquadra naval russa deverá chegar amanhã à Venezuela para a realização de manobras militares conjuntas com a Marinha local, informou hoje em Moscou um porta-voz das forças navais da Rússia. As manobras coincidem com a presença do presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, na região. Entre os navios enviados à Venezuela encontra-se o cruzador movido a energia nuclear Pedro, o Grande.
"Em 25 de novembro começará a visita de um destacamento na Frota do Norte a (o porto venezuelano de) La Guaira", disse Igor Dygalo, porta-voz da Marinha russa. "Em 1º de dezembro, os navios russos realizarão manobras navais em conjunto com a Marinha da Venezuela."
De acordo com ele, as manobras militares incluirão treinamentos de planejamento operacional, de ajuda a embarcações em perigo e de abastecimento de navios em movimento.
A decisão russa de realizar manobras militares em conjunto com a Venezuela no Mar do Caribe é vista por analistas como uma mensagem de desafio aos Estados Unidos.
Medvedev deverá visitar a Venezuela esta semana como parte de um giro pela América Latina. Ele se reunirá com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O presidente russo, que esta semana também visitará o Brasil, chegará à Venezuela na quarta-feira e encerrará seu giro pela região com uma viagem a Cuba. As informações são da Dow Jones.
Lula quer explicações dos EUA sobre Quarta Frota
Presidente pedirá informações sobre objetivos de reativação de unidade da marinha.
01 de julho de 2008 | 23h 36
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que quer explicações dos Estados Unidos sobre a Quarta Frota da marinha americana, que reapareceu nas águas da América Latina quase 60 anos após ter sido desativada.
"Pedi ao ministro (das Relações Exteriores) Celso Amorim que pedisse à secretária de Estado americana (Condoleezza Rice) informações sobre os objetivos desta Quarta Frota", disse Lula, em entrevista coletiva no encerramento da 35ª Reunião de Cúpula do Mercosul, na cidade argentina de San Miguel de Tucumán.
A Quarta Frota da marinha dos Estados Unidos, criada em 1943 diante da ameaça nazista, havia sido desativada em 1950. A partir desta terça-feira, a unidade voltou a realizar operações nos mares da América Latina.
"Nós agora descobrimos petróleo em toda a costa marítima brasileira, a 300 quilômetros da nossa costa, e nós, obviamente, queremos que os Estados Unidos nos expliquem qual é a lógica desta Quarta Frota", afirmou Lula.
"Nós vivemos numa região totalmente pacífica", disse o presidente, ao afirmar que a única guerra na região é contra a pobreza e a fome.
"Se fosse frota de navios de alimentos, de navios de sementes, seria até razoável. Mas eu penso que isso o ministro Celso Amorim haverá de ter uma resposta da Condoleezza", disse.
Críticas
A reativação da Quarta Frota provocou críticas de líderes latino-americanos, como o cubano Fidel Castro e o presidente da Bolívia, Evo Morales.
Lula falou sobre o tema ao ser questionado sobre declarações feitas durante a reunião de cúpula pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que condenou essa presença da marinha americana na região.
Alguns analistas afirmam que o objetivo da medida seria controlar países da região com governos considerados "incômodos" por Washington, especialmente a Venezuela.
Porta-vozes militares americanos afirmam que a reativação da Quarta Frota não significa uma mudança de estratégia do país.
Segundo os Estados Unidos, trata-se de um ajuste operacional sem intenções agressivas, para melhorar a capacidade operativa no combate ao narcotráfico, manejo de desastres naturais e trabalhos de cooperação.
Pré-sal
Na entrevista ao final da reunião, o presidente Lula disse também que o Brasil vai começar a tirar os primeiros barris de petróleo da camada pré-sal no Estado do Espírito Santa em setembro.
"Em setembro deste ano vamos começar a fazer exploração experimental no Espírito Santo, numa área que foi descoberta recentemente pela Petrobras", afirmou Lula.
"E também vamos começar a fazer exploração experimental, com 20 mil barris, em Tupi, em março do ano que vem", disse.
Segundo o presidente, energia e alimentos foram os principais assuntos tratados nas reuniões bilaterais que teve nesta terca-feira com Chávez e com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner.
"O Brasil tem um potencial energético razoável e ainda não temos o petróleo da Venezuela, mas já encontramos a quantidade suficiente para nos dar tranqüilidade", disse Lula.
Argentina
Quando questionado sobre o pedido de Cristina Kirchner para que o Brasil envie maior quantidade de energia ao mercado argentino e com valor mais baixo que o atual, Lula disse que o país vai ajudar a Argentina a enfrentar sua crise energética.
"Não vamos deixar que o povo argentino sofra por conta do frio, por conta de falta de energia", disse o presidente, ao afirmar que o Brasil pode exportar energia elétrica.
Outro tema debatido entre Lula e a presidente argentina foi a Rodada de Doha de liberalização do comercio mundial. Uma reunião técnica dos dois países foi marcada para o dia 14.
"Eu disse que a Rodada de Doha é muito importante, mas que só faremos algo como Mercosul", disse Lula.
Hoje, a Argentina é definida como mais "cautelosa" que o Brasil nas discussões sobre o tema.
Inflação
Na entrevista, de cerca de 30 minutos, Lula falou ainda sobre a alta da inflação no Brasil.
"Tenho preocupação com a inflação acho que desde que comecei a trabalhar no meu primeiro emprego, em 1959. Eu sei o quanto a inflação prejudica os trabalhadores que vivem de salário. A inflação prejudica os mais pobres", disse.
"Temos total condições de controlar a inflação", afirmou o presidente.
"Não brincaremos com a inflação. Vivi, como dirigente sindical, inflação de 80% e 40% e posso garantir que isso não vai voltar a acontecer no Brasi", disse Lula.
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Almirante da Marinha diz que Brasil está 'vulnerável'
25 de junho de 2008 | 8h 49
AE - Agencia Estado
No momento em que os preços do petróleo disparam no mundo, o Brasil descobre novas e valiosas reservas em sua costa e a Nigéria se vê obrigada a fechar seu principal campo petrolífero após ataques de grupos rebeldes, o comandante da Marinha, almirante Julio de Moura Neto, adverte que o Brasil precisa aumentar a segurança em suas bacias. ?Estamos vulneráveis?, diz em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo. ?É impossível, com os meios que temos hoje, estarmos presentes onde precisamos.''
O almirante defendeu a duplicação da frota de navios-patrulha, passando dos atuais 27 para 54. Segundo ele, a Marinha também está empenhada na construção de submarinos e no prosseguimento de seu programa nuclear, outras de suas prioridades. ?Pode dizer que o País está vulnerável, porque não tem a quantidade de meios suficientes para se fazer presente em toda a área de responsabilidade, principalmente nas proximidades de todos os campos de petróleo?, afirmou ele, depois de tentar minimizar a preocupação com a reativação da quarta frota norte-americana, para patrulhar as águas do Atlântico. Mas avisou que o Brasil não aceitará, ?em hipótese alguma?, interferência em assuntos internos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
''O País está vulnerável''
Julio de Moura Neto: comandante da Marinha; almirante diz que Força não pode estar presente onde precisa e que, para isso, espera liberação de verba contingenciada
25 de junho de 2008 | 0h 00
Tânia Monteiro, BRASÍLIA - O Estadao de S.Paulo
No momento em que os preços do petróleo disparam no mundo, o Brasil descobre novas e valiosas reservas em sua costa e a Nigéria se vê obrigada a fechar seu principal campo petrolífero após ataques de grupos rebeldes, o comandante da Marinha, almirante Julio de Moura Neto, adverte que o Brasil precisa aumentar a segurança em suas bacias. "Estamos vulneráveis", diz. "É impossível, com os meios que temos hoje, estarmos presentes onde precisamos.''
O almirante defendeu a duplicação da frota de navios-patrulha, passando dos atuais 27 para 54. Segundo ele, a Marinha também está empenhada na construção de submarinos e no prosseguimento de seu programa nuclear, outras de suas prioridades. "Pode dizer que o País está vulnerável, porque não tem a quantidade de meios suficientes para se fazer presente em toda a área de responsabilidade, principalmente nas proximidades de todos os campos de petróleo", afirmou ele ao Estado, depois de tentar minimizar a preocupação com a reativação da quarta frota norte-americana, para patrulhar as águas do Atlântico. Mas avisou que o Brasil não aceitará, "em hipótese alguma", interferência em assuntos internos.
Houve mudança no plano de reequipamento da Marinha para poder proteger os novos campos de petróleo?
Tenho defendido a importância de a Marinha ter seus navios e estar equipada para tomar conta das nossas águas jurisdicionais que têm petróleo, gás, muita pesca, uma quantidade enorme de interesses, além do tráfico marítimo. Essas descobertas na camada pré-sal só reforçam a necessidade de a Marinha ter navios em número suficiente para se fazer presente.
Quais as prioridades?
A prioridade nº 1 são os submarinos; a segunda, a construção de navios-patrulha para podermos estar junto às plataformas de petróleo, cumprindo a missão constitucional da Marinha. Precisamos continuar a construção dos submarinos convencionais e chegar à do submarino de propulsão nuclear. São armas de grande persuasão e o poder naval necessita delas. A Marinha considera de fundamental importância continuar construindo submarinos convencionais para não perder toda a qualificação que nós obtivemos na construção dos submarinos convencionais no Brasil.
Os recursos prometidos estão assegurados?
Os R$ 130milhões (para o programa nuclear) que o presidente prometeu estão inseridos no orçamento da Marinha, que é de R$ 1,976 bilhão, este ano. Houve um contingenciamento de R$ 400 milhões e temos muitas esperanças de que tudo será liberado a curto prazo. Mas estamos querendo ainda uma verba extra-orçamentária de R$ 330 milhões para outras necessidades da Força. Queremos ter de volta o que estava previsto na lei orçamentária, R$ 2,177 bilhões, e foi retirado por causa da perda da CPMF. Com esse total esperamos cumprir exatamente o que planejamos.
E o dinheiro dos royalties?
Temos R$ 3,2 bilhões (atrasados a receber). São recursos que têm sido contingenciados. Este ano, a previsão de arrecadação é de R$ 1,7 bilhão e, desse total, cerca de R$ 1 bilhão já está no Orçamento. Se uma parte desse dinheiro fosse liberada, dava para construir todos os navios que nós precisamos. Queremos 27 navios-patrulha. E queremos mais R$ 100 milhões para iniciar o programa e, durante os anos seguintes, precisamos continuar recebendo o mesmo valor. Cada navio custa R$ 80 milhões. Eles vão atender não só às bacias do Rio de Janeiro, mas de Vitória, Campos, Santos, Sergipe, entre outras. Mas estamos certos de que, a exemplo do que houve no ano passado, teremos todo o dinheiro contingenciado liberado.
Quando esses navios podem ser adquiridos?
Em julho vamos abrir um processo licitatório para a construção de quatro navios-patrulha de 500 toneladas. Já é o primeiro passo para chegar ao número que necessitamos. Precisamos desses navios para estarmos permanentemente junto às plataformas de petróleo, que estão cada vez mais distantes. Todos serão construídos aqui e a média de tempo para um navio-patrulha ficar pronto é de dois anos e meio.
Com o poder naval de que dispõe, o Brasil tem condições de proteger seus campos de petróleo?
Mesmo para o caso da Bacia de Campos, que é mais próxima do litoral, nossos navios-patrulha não são suficientes. À medida que formos para bacias cada vez mais distantes, precisaremos de ter mais navios. É impossível com os meios que temos hoje estarmos presentes onde precisamos.
E o pessoal da Marinha está treinado para proteger as plataformas de petróleo?
Temos feito os treinamentos, inclusive de proteção às plataformas, de comum acordo com a Petrobrás. São exercícios de várias formas, de retomada e resgate de plataforma, usando tropas de fuzileiros navais ou mergulhadores de combate.
Os Estados Unidos, justamente agora que o Brasil está descobrindo seguidas reservas de petróleo, anunciaram o retorno da quarta frota. Há temor de reativação dessa quarta frota?
A quarta frota está sendo reativada para cumprir uma missão que eles já fazem, por meio da segunda frota, que consideravam que estava sobrecarregada. Os dois países têm um relacionamento absolutamente correto no plano diplomático. As Marinhas se respeitam. Portanto, não há preocupação maior.
Mas vamos admitir que eles dêem palpite aqui, que andem por aqui.
Na política externa, o Brasil defende a autodeterminação dos povos, não-intervenção em assuntos internos e a busca pacífica da solução de controvérsias. Assim como defendemos isso, queremos ser tratados dessa forma. Que os outros países do mundo respeitem exatamente esses mesmos princípios. Os Estados Unidos têm dado todas as garantias de que respeitarão todas as figuras jurídicas, criadas na Lei do Mar, por meio da Convenção das Nações Unidas para o Direito do Mar. E isso envolve as zonas econômicas exclusivas, onde os Estados costeiros têm direito exclusivo de explorar os recursos vivos e não-vivos do mar, do solo e do subsolo. E os EUA têm manifestado, permanentemente, o respeito a essa convenção.
Mas o País aceitará interferência?
Em hipótese alguma. Assim como propalamos a não-intervenção nos assuntos internos, a autodeterminação dos povos e a busca da solução pacífica de controvérsias, exigimos ser tratados assim.
Venezuela testa mísseis e demonstra poderio
06 de junho de 2008 | 18h 26
FRANK JACK DANIEL - REUTERS
A Venezuela testou
mísseis na sexta-feira no Caribe, numa demonstração de poderio
militar num momento de tensão com os Estados Unidos e a
Colômbia.
Cinco caças russos Sukhoi sobrevoaram a base militar da
ilha de La Orchila, lançando uma bomba de meia tonelada e
disparando um míssil KH-59 contra um alvo marítimo. Um
barco-patrulha disparou um míssil de superfície contra o mesmo
alvo.
O brigadeiro Luis José Berroteran, comandante da Força
Aérea, disse que o equipamento recém-adquirido ajudará o país a
enfrentar eventuais invasões.
"Quando se tem [recursos, como o petróleo] desejados por
potências estrangeiras, você tem a obrigação para com o seu
povo de defendê-lo", disse o militar.
O presidente Hugo Chávez costuma ameaçar os EUA de tramar
sua derrubada, e nas últimas semanas vem comparando a atitude
norte-americana às "agressões" de Washington contra Irã e
Iraque.
O teste militar de sexta-feira é a primeira exibição
pública do poderio adquirido junto a Rússia e China.
Os EUA acusam Chávez de estimular uma corrida armamentista
que poderia desestabilizar a região. Washington proibiu a venda
de tecnologia militar para a Venezuela, o que levou Caracas a
recorrer à compra de caças russos.
Mas a Venezuela tem apenas o quarto maior orçamento militar
da América Latina, e analistas dizem que seu gasto militar é
relativamente baixo em comparação com o PIB do país.
Também há tensão entre a Venezuela e a vizinha Colômbia,
que acusa Chávez de ajudar a guerrilha Farc.
Chávez se vê ameaçado pela recriação da Quarta Frota dos
EUA, com presença no Caribe, após um hiato de quase 60 anos.
Ele diz também que a violação do espaço aéreo venezuelano por
caças dos EUA, em maio, foi um ato de hostilidade -- os
norte-americanos afirmam que foi involuntário.
"Estamos ameaçados pelo império. O que eles querem, que nos
desarmemos?", disse ele em maio, depois do incidente aéreo,
ocorrido perto da base de La Orchila, onde também há uma
residência presidencial.
"Não vamos fazer mal a ninguém, mas ninguém deve se enganar
conosco", disse ele.
Em vez de comprar, FAB vai construir caça
18 de maio de 2008 | 8h 50
AE - Agencia Estado
O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, assinou na quinta-feira passada, um documento que enterra o Projeto FX-2, herdado do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), e deu o pontapé inicial para que o Brasil produza, em aliança com a indústria de uma potência militar e à custa de muita transferência de tecnologia, um caça de quarta geração para a Força Aérea Brasileira (FAB). Franceses, russos e indianos negociam freneticamente no bastidor, cada um com sua idéia de parceria, para fechar um acordo com o Brasil.
Até meados de 2007, com um orçamento de US$ 2,2 bilhões, a Aeronáutica estava autorizada a tirar da gaveta, a partir de janeiro passado, a compra de 36 caças para conter a precariedade a que chegou a FAB, com 37% da frota de 719 aviões sem condições de voar - esse era o projeto FX-2, que ampliava a proposta original, do governo FHC, que previa gastos de US$ 700 milhões.
De janeiro para cá, com a avaliação dos produtos disponíveis e dos preços das propostas dos fornecedores internacionais - norte-americanos, franceses, suecos, ingleses, russos, alemães e espanhóis -, além da decisão de implantar uma política industrial de defesa, o governo evoluiu para o projeto de construir um caça sob encomenda e adaptado às necessidades da FAB. Os caças mortíferos de quarta e quinta gerações disponíveis no mercado têm uma combinação indigesta: barreiras para a transferência de tecnologia, preços estratosféricos e performance marcadamente de ataque - o que passaria uma mensagem de ameaça aos vizinhos sul-americanos se o Brasil tivesse dinheiro para comprar, por exemplo, o F-22/Raptor, um caça ?made in USA? com preço unitário que, dependendo da tecnologia agregada, pode variar entre US$ 130 milhões e US$ 240 milhões.
Na avaliação da Defesa e do comando da Aeronáutica, os caças à venda de múltiplas funções - interceptação, defesa e ataque - têm preço aceitável e permitem uma aliança estratégica em matéria de transferência de tecnologia. ?Nesse caso,em vez de comprar lá fora, decidimos gastar os US$ 2 bilhões do projeto FX-2 para revitalizar o que já temos e investir no projeto de construção de um caça brasileiro?, disse ao Estado o ministro da Defesa, Nelson Jobim. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
EUA prometem respeitar mar territorial brasileiro
15 de maio de 2008 | 19h 38
RAYMOND COLITT - REUTERS
Os Estados Unidos vão respeitar as
reivindicações marítimas do Brasil, inclusive nas reservas
petrolíferas de alto-mar, e usarão a sua nova frota na América
Latina principalmente para objetivos pacíficos, disse na
quinta-feira o comandante dos EUA para a região.
O presidente da Agência Nacional do Petróleo, Haroldo Lima,
se disse na quarta-feira preocupado com a possibilidade de os
EUA contestarem a posse brasileira sobre as enormes reservas
petrolíferas na chamada zona econômica exclusiva.
"Os Estados Unidos vão respeitar os mares territoriais e as
zonas econômicas exclusivas das nações do mundo", declarou o
almirante James Stavridis, chefe do recém-criado Comando Sul
dos EUA, a jornalistas em Brasília.
A Convenção da ONU sobre a Lei do Mar, de 1994, diz que os
Estados litorâneos têm direitos exclusivos sobre todos os
recursos naturais do seu litoral numa faixa de até 200 milhas
(370 quilômetros).
A Quarta Frota dos EUA, que está sendo recriada pela
Marinha após um hiato de 58 anos, ajudará a combater o
narcotráfico na América Latina e no Caribe, disse Stavridis ao
final de uma conferência sobre defesa.
Mas isso, segundo ele, não significa uma intensificação nas
operações contra o tráfico. "Não é de forma nenhuma uma força
ofensiva", afirmou.
Admitindo que essa frota é "objeto de preocupação" na
região, o almirante disse que ela em geral dará apoio a missões
de paz, prestará auxílio humanitário e participará de
exercícios navais.
"O maior navio que vai trabalhar para a Quarta Frota é um
navio-hospital", disse Stavridis.
O almirante brasileiro Marcos Martins Torres disse que o
Brasil não está preocupado com a nova frota.
Jobim: Quarta Frota dos EUA 'aqui não entra'
09 de maio de 2008 | 14h 50
RODRIGO VIGA GAIER - REUTERS
O governo brasileiro não vai
permitir que a Quarta Frota norte-americana, que está sendo
recriada este ano, navegue sem autorização pelas águas
territoriais brasileiras, afirmou o Ministro da Defesa, Nelson
Jobim.
"Eles poderão atuar em áreas não jurisdicionais
brasileiras. Aqui não entra!", disse Jobim após encontro com
militares do Exército, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira.
"Só entrará autorizada por nós e para visitas cordiais, mas
absolutamente não vai fiscalizar a área brasileira. Quem
fiscaliza somos nós", acrescentou o Ministro da Defesa ao
lembrar que o mar territorial brasileiro tem ao menos 3,5
milhões de quilômetros quadrados.
"Por isso, o governo já decidiu pela construção do
submarino de propulsão nuclear para viabilizar a fiscalização
dessa bacia", completou Jobim
A Quarta Frota norte-americana atuou entre os anos de 1943
e 1950 e será reativada em junho desse ano para atuar na
América do Sul, América Central e Caribe.
"Espero que os outros não se preocupem com as minhas
coisas. Quem tem que se preocupar com as coisas do Brasil é o
Brasil", destacou o ministro.
Jobim afirmou ainda que não tem nenhuma informação sobre
uma tentativa do Irã de influenciar a América Latina. A
acusação foi feita pelo subsecretário para o hemisfério
ocidental do Departamento de Estado dos EUA, Thomas Shannon.
Os EUA qualificam o Irã de patrocinador do terrorismo e a
preocupação de Washington é que o governo iraniano possa
eventualmente usar seus vínculos na América Latina como ameaça
em caso de algum conflito.
"Isso é uma novidade para mim. Não trabalho com hipóteses.
Nas informações que eu disponho não existe nada disso", disse
Jobim.
O ministro acrescentou que "não há nenhum diálogo dessa
natureza na América Latina" ao lembrar que está em permanente
contato com os líderes dos países latino-americanos para
discutir a criação de um Conselho de Defesa da região.
EUA reativam frota para patrulhar mares latino-americanos
Frota, que tinha sido desativada no final da Segunda Guerra, irá supervisionar região a partir de 1.º de julho
08 de maio de 2008 | 16h 20
BBC Brasil
Depois de 58 anos, a Marinha dos Estados Unidos vai reativar sua Quarta Frota para patrulhar os mares da América Latina. A frota tinha sido desativada no final da Segunda Guerra Mundial. Mas, a partir do dia 1.º de julho de 2008, as forças navais americanas terão um comando de alto nível especificamente dedicado a supervisionar as tarefas de suas unidades na América Latina e no Caribe.
A frota terá sua base na cidade de Mayport, no Estado da Flórida. Responderá ao Comando Sul dos Estados Unidos, que está na cidade de Miami e dirige todas as forças militares americanas na América Latina.
Um porta-voz militar americanos afirmou à BBC que esta medida não significa o aumento da presença militar dos Estados Unidos na região. Mas analistas afirmam que a medida tem um significado simbólico e tenta responder à aparição de regimes na América Latina que expressaram posições contrárias às do governo dos Estados Unidos.
Decisão política
Alejandro Sánchez, analista associado ao Conselho para Assuntos Hemisféricos, um organismo de investigação americano, afirma que a reativação da Quarta Frota é uma decisão mais política do que militar.
"Nos últimos anos os Estados Unidos se concentraram no Iraque e Afeganistão. Agora estão tentando voltar para a América Latina", disse à BBC.
Para Sanchez, "ainda que a Venezuela adquira submarinos russos ou que o Brasil queira desenvolver um submarino nuclear, nenhum destes países pode representar uma ameaça militar aos Estados Unidos".
O militar encarregado das relações externas nas forças navais do Comando Sul da Marinha americana, tenente Myers Vásquez, afirmou que "em termos operacionais", a reativação da Quarta Frota "não muda nada", é apenas uma medida para ajustar melhor as unidades à estratégia marítima americana.
"Teremos uma sede trabalhando em conjunto com outros componentes do Comando Sul", disse o porta-voz militar. Vásquez negou que esta medida aumente a presença militar americana na região e afirmou que a reativação é uma medida mais administrativa.
"Continuaremos as operações que estamos fazendo nos últimos anos, principalmente na área do combate ao narcotráfico e das missões de cooperação em segurança da área de operações", afirmou. Mas o porta-voz militar também disse que a reativação da Quarta Frota destaca também a importância da América Latina e Caribe para os Estados Unidos.
Vásquez afirmou que, atualmente na América Latina, quatro navios de guerra americanos estão em missões contra o narcotráfico e também a força tarefa do porta-aviões George Washington em trânsito pela região, e o U.S.S. Boxer, em missão humanitária na Guatemala.
Segundo analistas, um dos problemas que as forças militares americanas enfrentam na região é a dificuldade em conseguir permissão para operar em bases na América Latina.
Alejandro Sánchez lembra que a Força Aérea americana estava utilizando a base equatoriana de Manta, mas acredita-se que o governo do Equador não renovará a permissão do uso, que deve expirar em 2009.
França vai fazer do Brasil uma potência militar, diz 'El País'
Acordo de cooperação militar vai transformar Brasil em líder regional, dizem jornais.
13 de fevereiro de 2008 | 7h 45
A "França vai transformar o Brasil em uma potência militar", diz o título de uma reportagem publicada nesta quarta-feira pelo diário espanhol El País, sobre o encontro do presidente Luís Inácio Lula da Silva com o presidente francês Nicolas Sarkozy em São Jorge do Oiapoque, na Guiana Francesa.
Segundo o jornal, o acordo de transferência militar discutido na terça-feira entre os dois presidentes "aumentará a posição do gigante sul-americano como potência militar regional".
"Lula tem claro uma coisa, com a transferência tecnológica proporcionada pela França, o Brasil poderá fabricar um submarino e aviões e helicópteros de combate."
O El País ainda comenta a promessa de Sarkozy de apoiar a entrada do Brasil no G-8 e no Conselho de Segurança da ONU, destacando a cooperação bilateral.
O encontro também foi destaque na mídia francesa. Os jornais ressaltaram o semblante fechado de Sarkozy, cuja popularidade está em queda na França.
O Liberátion comenta o contraste entre o presidente francês, de terno escuro, gravata negra e óculos escuros sobre o nariz, com a imagem de Lula, de camisa de linho branco, colarinho aberto e com chegada triunfante. "Na Guiana, Lula atravessa o rio, e Sarkozy, 'dificuldades'", diz o jornal, em alusão ao fato de o presidente brasileiro ter chegado ao encontro de barco.
O diário ainda comenta que o Brasil será o primeiro país da América do Sul a possuir uma frota de submarinos nucleares, graças à ajuda da França. "A cooperação francesa neste projeto militar será 'recompensada' pelos grandes contratos para a indústria francesa: venda de helicópteros pela Eurocopter, submarinos Marlin pela DCNS, etc. Ao risco de provocar uma nova proliferação nuclear...".
Segundo o diário, a capacidade de ação dos submarinos é impressionante e ele pode decidir um conflito sozinho.
O encontro também foi destaque na imprensa argentina. Segundo o jornal La Nación, "o acordo garantiria o papel do Brasil como líder regional".
O Página 12 comenta que o encontro se deu "no último resquício do imperialismo europeu na América do Sul, a Guiana Francesa".
"Não foi uma reunião tradicional. O encontro dos mandatários não se realizou nem no Palácio do Eliseu, em Paris, nem no Planalto, em Brasília. Em troca, elegeram a inóspita selva amazônica e a pouco conhecida Guiana Francesa, a última colônia que existe no subcontinente."
O jornal nota que Lula chegou com uma comissão muito maior que a de Sarkozy que "não contou com a pessoa mais esperada pela imprensa, a nova e midiática esposa do presidente, Carla Bruni".
O Página 12 ainda comenta que Sarkozy não parecia confortável. "De terno e gravata escuros, o presidente francês não pôde dissimular sua moléstia pelo calor e os mosquitos. Seu par brasileiro, por outro lado, se mostrou mais relaxado, com uma camisa branca e calças claras. Seu humor não só se refletiu em seu constante sorriso, mas também em suas piadas".
BBC Brasil
Rússia enviará navios ao Atlântico e ao Mediterrâneo
Ministro da Defesa diz que missão pretende aumentar presença militar no mundo.
05 de dezembro de 2007 | 18h 00
A Marinha da Rússia anunciou nesta quarta-feira que vai enviar navios para o Oceano Atlântico e para o Mar Mediterrâneo como parte de um plano para aumentar a presença militar do país no mundo.
A frota será composta por cinco navios de grande porte, informou o ministro russo da Defesa, Anatoly Serdyukov, de acordo com a emissora de televisão estatal Vesti TV.
"O objetivo desta expedição será garantir a nossa presença em áreas dos oceanos do mundo que são importantes operacionalmente; e, em segundo lugar, criar condições para a passagem de navios russos", disse o ministro da Defesa na televisão.
Segundo Serdyukov, a missão terminará no dia 3 de fevereiro de 2008. O ministro esteve no Kremlin nesta quarta-feira para reunião com o presidente russo, Vladimir Putin.
Em agosto, Putin havia ordenado a retomada das patrulhas de longa distância feitas por aeronaves russas, que estavam suspensas desde o fim da União Soviética, em 1991.
O correspondente da BBC em Moscou, Rupert Wingfield Hayes, afirma que atualmente a Rússia tem mais dinheiro para gastos militares devido ao alto preço do petróleo no mercado internacional.
Apesar disso, o gasto militar ainda permanece muito abaixo do que foi durante a era soviética.
BBC Brasil
Brasil prepara expansão de sua capacidade militar, diz 'FT'
Renovação ocorre em meio a compras de armamentos pela Venezuela, comenta jornal.
14 de novembro de 2007 | 7h 55
O governo brasileiro iniciou uma revisão de sua capacidade de defesa que deve resultar num gasto significativo em aviões de combate e um submarino nuclear, relata reportagem publicada nesta quarta-feira pela versão online do jornal Financial Times.
A reportagem comenta que a expansão do poderio militar brasileiro ajudaria o país em suas tentativas de ganhar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e de fazer parte do G8, o grupo das nações mais desenvolvidas do mundo.
O jornal também observa que a revisão militar anunciada pelo governo ocorre em um momento em que "outros países da região, especialmente a Venezuela, anunciaram grandes compras de armamentos".
Segundo a reportagem, membros do governo negam uma suposta corrida armamentista na região, mas analistas dizem que "a 'postura' do presidente venezuelano, Hugo Chávez, forçou o Brasil a pensar rapidamente sobre a modernização de suas forças".
O jornal cita o ex-embaixador Marcos Azambuja, atualmente diretor do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), que argumenta que, apesar de Chávez não representar uma ameaça direta ao Brasil, "ele é uma ameaça à democracia e à ordem civil na América do Sul" e que por isso "o Brasil não pode se permitir estar tão despreparado a ponto de não ter equipamentos em condições de uso".
Além da Venezuela, observa o Financial Times, Colômbia e Chile também aumentaram significativamente seus gastos militares recentemente.
"Neste contexto, o Brasil retomou os planos, suspensos por pelo menos uma década, de repor seus envelhecidos caças F-5 e Mirage", diz o jornal.
"A frota vem sendo periodicamente renovada com aviões de segunda mão recondicionados. A intenção do Brasil agora é comprar aviões de último tipo sob contratos que incluiriam a transferência de tecnologia para fabricantes brasileiros, capacitando-os a desenvolver aviões no próprio país no futuro", complementa a reportagem.
BBC Brasil
fonte: O Estado de S.Paulo
Jobim: Quarta Frota dos EUA "aqui não entra"
09 de maio de 2008 • 14h44
O governo brasileiro não vai permitir que a Quarta Frota norte-americana, que está sendo recriada este ano, navegue sem autorização pelas águas territoriais brasileiras, afirmou o Ministro da Defesa, Nelson Jobim.
"Eles poderão atuar em áreas não jurisdicionais brasileiras. Aqui não entra!", disse Jobim após encontro com militares do Exército, no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira.
"Só entrará autorizada por nós e para visitas cordiais, mas absolutamente não vai fiscalizar a área brasileira. Quem fiscaliza somos nós", acrescentou o Ministro da Defesa ao lembrar que o mar territorial brasileiro tem ao menos 3,5 milhões de quilômetros quadrados.
"Por isso, o governo já decidiu pela construção do submarino de propulsão nuclear para viabilizar a fiscalização dessa bacia", completou Jobim
A Quarta Frota norte-americana atuou entre os anos de 1943 e 1950 e será reativada em junho desse ano para atuar na América do Sul, América Central e Caribe.
"Espero que os outros não se preocupem com as minhas coisas. Quem tem que se preocupar com as coisas do Brasil é o Brasil", destacou o ministro.
Jobim afirmou ainda que não tem nenhuma informação sobre uma tentativa do Irã de influenciar a América Latina. A acusação foi feita pelo subsecretário para o hemisfério ocidental do Departamento de Estado dos EUA, Thomas Shannon.
Os EUA qualificam o Irã de patrocinador do terrorismo e a preocupação de Washington é que o governo iraniano possa eventualmente usar seus vínculos na América Latina como ameaça em caso de algum conflito.
"Isso é uma novidade para mim. Não trabalho com hipóteses. Nas informações que eu disponho não existe nada disso", disse Jobim.
O ministro acrescentou que "não há nenhum diálogo dessa natureza na América Latina" ao lembrar que está em permanente contato com os líderes dos países latino-americanos para discutir a criação de um Conselho de Defesa da região.
Reuters
fonte: Terra